Contar histórias é uma atividade realmente interessante, a imaginação voando, tranquilamente. Lembranças, fatos, invenção, todos ingredientes nas nossas histórias diárias. Sim, somos todos contadores e viventes dessa nossa história de vida, somos testemunho e prova viva das marcas que ela nos deixou e definitivamente tornará a deixar.
Temos em mãos diariamente então, uma folha e um lápis, ou então simplesmente a nossa voz, somados à imaginação. E os ouvidos e olhos do tempo nos escutam e lêem, ávidos, como uma criança ao ouvir dos pais uma bela história antes de dormir. Por vezes essa nossa folha não se encontra necessariamente em branco. Há momentos, épocas inteiras, em que basta preencher determinadas lacunas, o resto está la. Há tempos também em que apenas colocamos os pontos, como uma interrogação no fim daquela pergunta importante que já esta lá, basta ser dita. E até mesmo um ponto final, onde sabemos que deve haver um, porém cabe a nós colocá-lo.
E como essa nossa história é incrível, em geral ninguém se chama de princípe ou princesa, ou rei e rainha, os que possuem esse título oficialmente são poucos, mas cada um assume esse papel, controlando o seu destino. As princesas não usam vestidos gigantes nem rostos tristes em uma torre longínqua, e os príncipes definitivamente não usam espadas e cavalgam cavalos brancos. Os dragões a serem combatidos tem formas bastante diferentes também, se espalham pelo mundo inteiro, e em alguns lugares tem uma certa tendência a se assentar nos planaltos, principalmente os centrais. Eles não cospem fogo, em geral são umas siglas como ICMS e IRPF. A maioria das pessoas nem sabe o que significa e como é, mas ja aprendeu que queima igual fogo, e dói.
A magia nessa história também funciona de um jeito bem diferente, ela não tem cores e brilhos, e definitivamente, os animais não falam na nossa língua, apesar de, muitas vezes, conseguirem nos fazer enteder exatamente o que querem apenas com um olhar. Nessa história as abóboras não viram carruagens, mas continuam sendo ótimas quando bem preparadas. A magia é tão misteriosa que é invisível, tanto que tem gente que com o passar dos anos cresce e, por nunca ter visto ela fisicamente acaba acreditando que ela nem existe mesmo. Ninguém sabe voar, mas tem gente, uns poucos loucos o bastante, que tem uma imaginação tão gigantesca que pode-se jurar que de vez em quando conseguem sair do chão por horas e horas. Até os pombos correio são diferentes. A gente manda uma mensagem e, em segundos, ela é entregue, em qualquer lugar, a qualquer hora. Como eu disse, a magia é estranha.
Oura coisa bastante diferente é que as pessoas não cantam o tempo todo, principalmente quando estão tristes. Ainda assim pode-se ver alguns poucos as vezes, que parcem ter perdido a razão pois não teriam nenhum motivo para estarem felizes mas passam o dia inteiro assobiando ou murmurando uma canção. Mas mesmo com todos os problemas, sempre surge gente pra cantar pelos que estão ocupados demais. Por sinal, há tempos atrás quatro caras comuns de um reino distante chamado Liverpool ficaram bem conhecidos porque faziam isso como niguém. E além deles, muitos outros se dedicam a fazer pelas outras pessoas o que elas mesmas se sentem muito ocupadas para fazer.
Outra particularidade nessa história tão diferente é que depois que o príncipe e a princesa se encontram e até se casam, geralmente a gente não encontra em lugar nenhum a tal frase: "e eles foram felizes para sempre ...". Na verdade muitas vezes eles acabam nem ficando juntos por muito tempo, e "para sempre" acaba por ser tempo pra caramba. Essa história parece ter ficado tão populosa e com tantos personagens, que acaba ficando difícil se fixar em um só, escolher um só, e assim as pessoas não se encontram, os seis bilhões de pessoas nesse reino, não se encontram. Simplesmente se juntam e se separam desenfreadamente. Assim o "felizes para sempre" se transforma em "relativamente estáveis por alguns anos".
E a fábula diferente vai continuando, infindável. Mas mesmo com todas as suas enormes diferenças dos contos de fada, o que muda, de fato, são seus personagens e autores. Para uns ela é um jogo, para outros um livro, uma pintura ou um filme, e até uma enorme festa. Vivemos a nossa história, em tempo real. Então, que não tenhamos medo de usar a imaginação, que nos lembremos das fábulas de nossa infância. Não assassinemos a magia com nossos medos, cansaço e desesperança. E não nos esqueçamos que a princípio, tudo que uma história precisa para se tornar boa e real, nem que seja por alguns minutos, é que haja alguém disposto a usar um pouco de sua imaginação, e contá-la.
Temos em mãos diariamente então, uma folha e um lápis, ou então simplesmente a nossa voz, somados à imaginação. E os ouvidos e olhos do tempo nos escutam e lêem, ávidos, como uma criança ao ouvir dos pais uma bela história antes de dormir. Por vezes essa nossa folha não se encontra necessariamente em branco. Há momentos, épocas inteiras, em que basta preencher determinadas lacunas, o resto está la. Há tempos também em que apenas colocamos os pontos, como uma interrogação no fim daquela pergunta importante que já esta lá, basta ser dita. E até mesmo um ponto final, onde sabemos que deve haver um, porém cabe a nós colocá-lo.
E como essa nossa história é incrível, em geral ninguém se chama de princípe ou princesa, ou rei e rainha, os que possuem esse título oficialmente são poucos, mas cada um assume esse papel, controlando o seu destino. As princesas não usam vestidos gigantes nem rostos tristes em uma torre longínqua, e os príncipes definitivamente não usam espadas e cavalgam cavalos brancos. Os dragões a serem combatidos tem formas bastante diferentes também, se espalham pelo mundo inteiro, e em alguns lugares tem uma certa tendência a se assentar nos planaltos, principalmente os centrais. Eles não cospem fogo, em geral são umas siglas como ICMS e IRPF. A maioria das pessoas nem sabe o que significa e como é, mas ja aprendeu que queima igual fogo, e dói.
A magia nessa história também funciona de um jeito bem diferente, ela não tem cores e brilhos, e definitivamente, os animais não falam na nossa língua, apesar de, muitas vezes, conseguirem nos fazer enteder exatamente o que querem apenas com um olhar. Nessa história as abóboras não viram carruagens, mas continuam sendo ótimas quando bem preparadas. A magia é tão misteriosa que é invisível, tanto que tem gente que com o passar dos anos cresce e, por nunca ter visto ela fisicamente acaba acreditando que ela nem existe mesmo. Ninguém sabe voar, mas tem gente, uns poucos loucos o bastante, que tem uma imaginação tão gigantesca que pode-se jurar que de vez em quando conseguem sair do chão por horas e horas. Até os pombos correio são diferentes. A gente manda uma mensagem e, em segundos, ela é entregue, em qualquer lugar, a qualquer hora. Como eu disse, a magia é estranha.
Oura coisa bastante diferente é que as pessoas não cantam o tempo todo, principalmente quando estão tristes. Ainda assim pode-se ver alguns poucos as vezes, que parcem ter perdido a razão pois não teriam nenhum motivo para estarem felizes mas passam o dia inteiro assobiando ou murmurando uma canção. Mas mesmo com todos os problemas, sempre surge gente pra cantar pelos que estão ocupados demais. Por sinal, há tempos atrás quatro caras comuns de um reino distante chamado Liverpool ficaram bem conhecidos porque faziam isso como niguém. E além deles, muitos outros se dedicam a fazer pelas outras pessoas o que elas mesmas se sentem muito ocupadas para fazer.
Outra particularidade nessa história tão diferente é que depois que o príncipe e a princesa se encontram e até se casam, geralmente a gente não encontra em lugar nenhum a tal frase: "e eles foram felizes para sempre ...". Na verdade muitas vezes eles acabam nem ficando juntos por muito tempo, e "para sempre" acaba por ser tempo pra caramba. Essa história parece ter ficado tão populosa e com tantos personagens, que acaba ficando difícil se fixar em um só, escolher um só, e assim as pessoas não se encontram, os seis bilhões de pessoas nesse reino, não se encontram. Simplesmente se juntam e se separam desenfreadamente. Assim o "felizes para sempre" se transforma em "relativamente estáveis por alguns anos".
E a fábula diferente vai continuando, infindável. Mas mesmo com todas as suas enormes diferenças dos contos de fada, o que muda, de fato, são seus personagens e autores. Para uns ela é um jogo, para outros um livro, uma pintura ou um filme, e até uma enorme festa. Vivemos a nossa história, em tempo real. Então, que não tenhamos medo de usar a imaginação, que nos lembremos das fábulas de nossa infância. Não assassinemos a magia com nossos medos, cansaço e desesperança. E não nos esqueçamos que a princípio, tudo que uma história precisa para se tornar boa e real, nem que seja por alguns minutos, é que haja alguém disposto a usar um pouco de sua imaginação, e contá-la.
24/08/2009 - 05:33
Um comentário:
Olá João
primeiramente obrigada pelas palavras, sabes que eu nunca li Cem anos de solidão....mas fico lisonjeada pela aproximação de um autor tão festejado.
Não sei se é bem poesia o que faço, mas uma tentativa de expressar o que sinto e penso...tento!
Tens uma nova leitora agora, nesse universo de blogs, o legal é o compartilhar idéias.
Hasta!
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