É sempre interessante falar sobre a calma que me traz escrever. É uma sensação incrível que passa pelo total desespero por palavras, os dedos batendo as teclas ou corredo a folha de papel, o lápis friccionando incrívelmente rápido pra que possa seguir devidamente os meus pensamentos. E estes voam, voam entre diferentes idéias para o que escrever, voam entre tantas palavras, a fim de escolher a melhor dentre elas, para expressar exatamente o que sinto. Acho que essa sensação deve se comparar ao que um aprendiz de pintor sente ao dar suas primeiras pinceladas em um quadro. as mãos um pouco trêmulas, sem saber exatamente se aquilo que está fazendo é certo, é bonito, se de fato vai tocar alguém. Ainda assim o faz, com afinco, com vontade e esperança, de que suas pinturas, suas palavras, façam sentido longe das barreiras da própria mente.
Há perigo nas palavras, em todas opiniões expressadas, o escritor, o aspirante a isso, aquele que expõe suas idéias, se despe em público, é preciso coragem, mas não tanta, há sempre uma borracha, um risco por cima, uma tecla que possa deletar, tudo aquilo que o escritor vê e imagina que não deveria ter dito. Ele apaga, ele edita. Mas o cerne deve se manter ali, sua idéia, ideologia, algo que hoje, por vezes, tanto nos falta. E há aqueles que esquecem das edições, não ligam para as opiniões, aqueles loucos o suficente ou apenas despertos o suficiente para quebrar as barreiras do moral e do chato. Aqueles que segundo Kerouac são os únicos suficientemente interessantes de se realmente conhecer. Aqueles que tem a missão de escrever o que deve ser escrito, de gritar o que deve ser gritado, sem pudores, sem medo, apenas instinto. Um fluxo de consciência crescente, preenchendo parágrafos e mais parágrafos de pensamentos, poesias, notícias, cartas de amor ...
O importante é escrever, é marcar, seja em uma tela de computador, seja martelando uma folha de papel com uma velha máquina de escrever, ou riscando formas nela com um lápis. São palavras ali, atiradas em conjunto com o intuito de gravar fortemente uma idéia. As vezes me parece que essa é a forma de um escritor reforçar para si mesmo, fazer-se acreditar no que está escrevendo e pensando. Provar para si mesmo que aquilo é verdade. Que aquela música faz sentido, que a notícia é verdade, que a primavera acabou. E naqueles momentos em que ali está, pensando, editando, transformando o branco em um porção de riscos que para muitos não farão o menor sentido, ali o escritor, o aspirante, a pessoa, se sente em sintonia, não com o mundo, mas consigo. Ali ele sente compreensão, e nota que muito do que ele imagina faz sentido, nota que certas coisas simplesmente não o fazem, porque assim deve ser. Ali ele descobre mundos e realidades. Ficção se junta com materialidade, numa dança calma e desconhecida para os olhos dos outros, mas que tem sonoridade e ritmo para quem ali está escrevendo.
Esse turbilhão de emoções me traz o ato de escrever, tanto felicidade, quanto um nervosismo, o medo da falta de idéias e, principalmente, o medo de ler e ver no papel examente o que não se desejava ver. O medo de não superar as expectativas. O simples fato de esperar demais de si mesmo, e de desgostar da própria criação. Como falei, emoções, lembranças. Mas basta encarar o papel e o medo se apaga, aquela conversa sem pronúncias começa, as vezes é demorada, é acompanhada de algo para beber, algo para fumar. A pessoa se encontra ali, parada, sozinha, no momento sublime da criação, com seu equipamento a postos e se esquece de que a idéia de criar um texto, uma crônica, uma carta, um livro, era uma meta ou uma missão. Tudo passa a ser diversão, diversão sem irresponsabilidade, mas gostosa e tranquiía. Aquele momento que para os mais afoitos se torna uma transpiração constante e uma aceleração incondicional do coração a ponto de querer ver resultados, e para outros é apenas uma calmaria. Como um bom pescador diria, pra pegar o peixe grande é preciso paciência, e um tantinho de sorte.
E no final, ali esta ela pronta, a nossa própria criação, a sensação de um dever que na verdade não fora mais do que um passatempo. O orgulho misturado com uma leveza de mais uma vez ter marcado uma parte ínfima do mundo exterior, porém a certeza de que deixou mais uma marca gigantesca no seu prórprio mundo interior. E fica a lembrança gratificamente de que, assim como o escritor utiliza tão bem as palavras e precisa desesperadamente delas, elas também precisam dele, do contrário não passariam de rabiscos desalmados, ocos de significado, atirados e esquecidos no papel.
Há perigo nas palavras, em todas opiniões expressadas, o escritor, o aspirante a isso, aquele que expõe suas idéias, se despe em público, é preciso coragem, mas não tanta, há sempre uma borracha, um risco por cima, uma tecla que possa deletar, tudo aquilo que o escritor vê e imagina que não deveria ter dito. Ele apaga, ele edita. Mas o cerne deve se manter ali, sua idéia, ideologia, algo que hoje, por vezes, tanto nos falta. E há aqueles que esquecem das edições, não ligam para as opiniões, aqueles loucos o suficente ou apenas despertos o suficiente para quebrar as barreiras do moral e do chato. Aqueles que segundo Kerouac são os únicos suficientemente interessantes de se realmente conhecer. Aqueles que tem a missão de escrever o que deve ser escrito, de gritar o que deve ser gritado, sem pudores, sem medo, apenas instinto. Um fluxo de consciência crescente, preenchendo parágrafos e mais parágrafos de pensamentos, poesias, notícias, cartas de amor ...
O importante é escrever, é marcar, seja em uma tela de computador, seja martelando uma folha de papel com uma velha máquina de escrever, ou riscando formas nela com um lápis. São palavras ali, atiradas em conjunto com o intuito de gravar fortemente uma idéia. As vezes me parece que essa é a forma de um escritor reforçar para si mesmo, fazer-se acreditar no que está escrevendo e pensando. Provar para si mesmo que aquilo é verdade. Que aquela música faz sentido, que a notícia é verdade, que a primavera acabou. E naqueles momentos em que ali está, pensando, editando, transformando o branco em um porção de riscos que para muitos não farão o menor sentido, ali o escritor, o aspirante, a pessoa, se sente em sintonia, não com o mundo, mas consigo. Ali ele sente compreensão, e nota que muito do que ele imagina faz sentido, nota que certas coisas simplesmente não o fazem, porque assim deve ser. Ali ele descobre mundos e realidades. Ficção se junta com materialidade, numa dança calma e desconhecida para os olhos dos outros, mas que tem sonoridade e ritmo para quem ali está escrevendo.
Esse turbilhão de emoções me traz o ato de escrever, tanto felicidade, quanto um nervosismo, o medo da falta de idéias e, principalmente, o medo de ler e ver no papel examente o que não se desejava ver. O medo de não superar as expectativas. O simples fato de esperar demais de si mesmo, e de desgostar da própria criação. Como falei, emoções, lembranças. Mas basta encarar o papel e o medo se apaga, aquela conversa sem pronúncias começa, as vezes é demorada, é acompanhada de algo para beber, algo para fumar. A pessoa se encontra ali, parada, sozinha, no momento sublime da criação, com seu equipamento a postos e se esquece de que a idéia de criar um texto, uma crônica, uma carta, um livro, era uma meta ou uma missão. Tudo passa a ser diversão, diversão sem irresponsabilidade, mas gostosa e tranquiía. Aquele momento que para os mais afoitos se torna uma transpiração constante e uma aceleração incondicional do coração a ponto de querer ver resultados, e para outros é apenas uma calmaria. Como um bom pescador diria, pra pegar o peixe grande é preciso paciência, e um tantinho de sorte.
E no final, ali esta ela pronta, a nossa própria criação, a sensação de um dever que na verdade não fora mais do que um passatempo. O orgulho misturado com uma leveza de mais uma vez ter marcado uma parte ínfima do mundo exterior, porém a certeza de que deixou mais uma marca gigantesca no seu prórprio mundo interior. E fica a lembrança gratificamente de que, assim como o escritor utiliza tão bem as palavras e precisa desesperadamente delas, elas também precisam dele, do contrário não passariam de rabiscos desalmados, ocos de significado, atirados e esquecidos no papel.
01:29 - 06/08/2009
2 comentários:
...um texto são palavras imobilizadas no papel pela química da tinta. Quando elas apareceram pela primeira vez, seu estado não era esse: mais se pareciam com pássaros selvagens, batendo as asas... O professor armou suas arapucas, pegou os pássaros, selecionou os que lhe interessavam e engaiolou-os com papel e tinra. Pobres palavras...Perderam a liberdade. agora estão congeladas no tempo e no espaço.(Rubem Alves)
"... as mãos um pouco trêmulas, sem saber exatamente se aquilo que está fazendo é certo, é bonito, se de fato vai tocar alguém..."
E sempre toca... E emociona e ensina.
E é aí que está a beleza do ato! Seu valor e sua razão de ser. E quanto menor a pretensão do mesmo, maior o impacto que causa.
:)
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